Sinto falta de poder conversar com alguem que não julgue, que não opine, que não faça juizos de valor, portanto tive de voltar ao ponto de partida e escrever, e divagar, e tentar finalmente racionalizar um pouco o que sinto, o que me vai na alma e na cabeça.
Nunca fui o que se possa considerar uma pessoa racional, correcta, directa, concreta.Sempre senti a necessidade de pintar de negro o mais belo dos quadros e de sentir que algo está mal quando não está.
Nunca fui boa a fazer amizades, relações. Nunca consegui sentir vontade de conhecer gente nova, de me entregar e de manter com elas amizades demasiado evasivas . O livro da minha vida cresceu até aos meus 14 anos, desenvolveu-se um pouco mais até aos meus 17 e depois disso, tudo o que fiz foi manter relações e quebrar outras. Passei fases em que as minhas relações cresciam de ano para ano, em ocasiões em que descobria aquilo que era a amizade e foi aí que fiz os meus melhores amigos, que o são ainda hoje.
Outrora as amizades que fazia eram ainda acompanhadas de um temperamento muito muito especial que me caracterizava e que o tempo e a mudança amaciaram.
Olho para a minha vida e sinto que apesar de nada ter corrido terrivelmente mal no meu passado, que a minha emotividade e falta de carisma conseguiram distorcer e tornar a realidade em que vivia muito pior do que o era, o que resultou numa depressão com 18 anos, numa relação inexistente com o meu pai até hà bem pouco tempo, em periodos de terrivel tormenta com o meu namorado.
Fiz sempre sofrer muito quem mais gostava de mim, quem mais me queria, porque achava que algo estava mal, porque receei sempre que no fundo não gostassem realmente de mim, desde os meus pais, ao meu namorado.
Passei fases em que tudo o que se avizinhava era penumbra e amanhecia já com as lágrimas semeadas nos olhos ansiosas por descerem.
Passei momentos que realmente foram para mim uma enorme lição de vida.
Hoje sinto que aprendi tudo aquilo que a vida em momentos difíceis me quis ensinar, sinto que encontrei uma forma de vida que encaixa em mim e que me faz sentir tão equilibrada como nunca fui. Sinto que encontrei o meu rumo.
Contudo sinto que não consigo fazer uma amizade e mantê-la por muito tempo de uma forma intensa, que tudo o que implique depender de alguem para sair, depender do telefone para ver se me ligam ou mandam mensagens, tudo o que implique ter de contar o que faço o dia todo a alguem, sem que seja de uma forma casual, que não encaixa totalmente em mim. Sinto-me num beco sem saida, ou então numa bifuração, sem saber que caminho seguir.
Por vezes dou por mim a pensar que possa ter um problema de sociabilização, dou por mim a passar um dia inteiro sem falar com ninguem, no meu mundo, a tratar das minhas coisas e da minha vida.
Com a minha mãe aprendi que devia ser o mais independente possivel, nunca depender de ninguem se não perderia o melhor que a vida tem para oferecer. Com o meu pai aprendi a dar valor as coisas mais pequenas da vida e a sorrir e a chorar sempre que surge a mínima oportunidade. Sinto ainda que com o João aprendi, que ninguem nos pode obrigar a nada, que devemos apenas fazer o que nos apetece e quando nos apetece, de uma forma geral, obviamente.
Com os meus cão aprendi que comer móveis deve ser delicioso...!
Ah com a minha irmã aprendi recentemente a nunca fazer sexo sem contraceptivos... É podem-me dar os parabéns porque vou ser tia.
De uma maneira geral olho para a minha vida e para o meu caminho e sinto que não fiz muitas asneiras, que tentei sempre dar o meu melhor, do meu jeito e conforme conseguia ou podia. Muitas vezes arrisquei pouco, outras vezes arrisquei demais... Em muitos momentos fui injusta com muita gente, mas busquei sempre resolver todas as situações em que me meti, de uma forma limpa.
Gostava de ser uma pessoa melhor, dar uma vida melhor as pessoas que amo e deixar de perder o sono, sempre que tenho algo por resolver. Será que para isso tenho de mudar os meus princípios e a forma como sou?
Fiquem bem.
MAKE LOVE NOT WAR