domingo, junho 04, 2006

Sabem que mais?

São quase 3h da minha madrugada e no meu peito sinto que a minha vida tem tantas vertentes que eu n controlo que me perco na tentativa de o tentar fazer. Às x sinto saudade dos meus serões de verão a ler até estas horas no meu sotão, onde fumava um cigarro no final da noite, mas de repente recordo que me sentia tão vazia e que chorava regularmente enquanto pensava que era mais uma noite, em que desceria até ao meu quarto e que na almofada deixaria várias manchas humidas que tentaria contornar virando-a x sem conta, até que adormecesse. Mas naquele tempo era apenas uma miuda ingénua mas tão egocentrica que os problemas desta casa, desta familia me eram tão indiferentes que conseguia apenas recordar o vazio que tinha no peito e que nada mais me parecia constituir propósito para derramar uma lágrima. Mudei tanto que por vezes não me reconheço.
Hoje a vida segue o seu curso e eu vazia não estou, sou tanto e leio-me a alma num quadro de Pollock, energético e multidireccional. Hoje gostava de poder ter um pouco mais daquela prepotencia de outrora que me permitia pensar na minha vida como o unico sistema de valores relevante e ser só eu. Hoje perco demasiadas horas do meu dia e demasiado espaço na minha cabeça com questões que dizem respeito apenas àquelas pessoas supostamente maiores e vacinadas que permanecem sem ter juizo na cabeça, cometendo erros sem conta e que vivem na esperança que a família lhes valha.
É numa noite como esta em que me parece que preciso de sair daqui, em que me preciso desenvolver sem valores negativos que estou constantemente a receber e em que hoje que não estou vazia, que tenho o essencial para poder realizar-me e que não o faço em condições.
Um pouco consumida pelo sono ou pela vontade de vida que tenho, faço um discurso incoerente na tentativa de poder aliviar o peso que tenho no peito.

1 comentário:

Fuazona disse...

Uh! que texto lindo ines! =D hmm.... "pessoas supostamente maiores e vacinadas que permanecem sem ter juizo na cabeça" , parece me que acabaste de descrever a humanidade.

Nao se pode viver com eles, nao se pode viver sem eles! Pode se no entanto, armar umas armadilhas p que tropecem de vez em quando! xD