domingo, janeiro 13, 2008

Dissertação sobre a utopia do sucesso

Ah! que nome tão pomposo.

Agora que o blog tem nova vida (em breve vai ter novo aspecto) queria trazer de volta alguns costumes que acho interessantes. O primeiro vai ser falar sobre um tema, dps vou fazer uma recomendação musical, cinematográfica e ainda digital (não é de dedos, mas de internet :P).

Primeiro o tema.

Estava eu, muito bem estendido na minha cama quando dei por mim a pensar num mundo em que toda a gente era bem sucedida a nível profissional na vida! Ora isto claro que é uma utopia... Nem todos nós vamos ter sucesso a nível profissional. Por muito que me assuste é uma verdade incontornável.

Quero dar ênfase ao facto de me estar a referir ao âmbito profissional e não emocional. Se uma pessoa é feliz da vida a trabalhar a ser mineiro, ninguém pode achar que essa pessoa é mais ou menos do que outra qualquer. Simplesmente é de que provavelmente não seria essa a sua profissão de sonhos, mas talvez a possível.

Imaginem só como seria o mundo se toda a gente conseguisse concretizar os sonhos a nível profissional... Fora de brincadeira, quem é que ia limpar as nossas ruas? os locais públicos? quem iria fazer de segurança? quem iria estar atrás de um balcão do mcdonald's? quem vai construir os nossos prédios e estradas?

As mentes mais corrosivas podem já começar a acusar-me de ser insensível, mas eu não estou a tentar menosprezar as pessoas que fazem este tipo de trabalho, nem tão pouco ponho em causa a felicidade e integridade dessas pessoas, mas temos de admitir que nenhuma dessas profissões poderá ser considerada um sucesso.

Numa sociedade que caminha para a alfabetização global, onde todas as pessoas daqui em diante vão procurar ser cada vez mais instruidas e cultas ( pressão da sociedade ) ninguém vai estar disposto a correr as ruas à noite a limpar o lixo que os meninos que estudam nas universidades fazem... Qual vai ser a solução para este problema? A verdade nua e crua é que vão ser os pobres que desesperadamente precisam de sobreviver que se vão submeter a este tipo de trabalho e quando mesmo os pobres se recusarem, vão ser os imigrantes ilegais vindos do Leste e África.

Voltando um pouco atrás, imaginemos por um segundo que todos conseguimos concretizar os nossos sonhos. Qual terá sido o preço a pagar para que tal aconteça? Quantas pessoas teremos nós calcado e desprezado para chegar cegamente ao nosso objectivo? E quando chegarmos ao nosso sonho, ficaremos por ai? Ou tentaremos ir mais além? Pois... é lixado pensar nisso. Aqui e agora estamos a lutar pelos nossos sonhos, pesando bem no que vale a pena e no que não vale. Atribuindo o devido valor às experiências que a vida nos oferece. Fazendo amigos, cometendo erros inimagináveis, desperdiçando oportunidades e abraçando outras. Correndo riscos.

Desfeita a utopia de que toda a gente pode ter sucesso no mundo, levantam-se algumas perguntas. Quando fará sentido a nossa vida? O que significa fazer sentido? É ser feliz? O que é a nossa felicidade? É a minha, ou a minha e dos meus? Ou só dos meus, dos que amo?

Qual é o devido valor das coisas?
Vemos um cão ser assassinado na rua por um condutor em excesso de velocidade e ficamos chocados, passado uma semana já nos esquecemos.
Vemos um casal a discutir, o homem bate na mulher e viramos a cara.
A nossa equipa perde 0-2 em casa com o maior rival e é humilhado e nunca mais nos esquecemos disso na nossa vida.

Não estará a nossa tábua de valores a ser invertida? Não daremos demasiada importância ao dinheiro e menos à nossa felicidade?

Sinceramente acho que sociedade nos anda a tramar, a enganar. Já dei por mim a ter impulsos que questiono se são fruto da minha pessoa ou fruto da pressão que a sociedade macabra nos obriga a seguir. Eu não me costumo arrepender das coisas que faço, talvez por a vida me ter corrido muito bem até agora. Sou muito feliz e tenho muito medo de perder tudo isso.

Não escondo a ninguém que a decisão de me ter despedido foi uma decisão egoísta. Mas será que poderia ter sido outra coisa qualquer para além de egoísta? Tenho 24 anos, a minha vida profissional começou à 1 ano atrás. Sou feliz, sou saudável, tenho amor pelas pessoas e não odeio ninguém, não tenho dívidas, ninguém depende de mim para nada, tenho muitos amigos e em 2 continentes diferentes, espalhados por vários países. Que mais me falta? Ah pois... quero mais não é? Aos 24 anos sou um sucesso. Mas não me chega. Será que esta busca por querer sempre mais vai acabar bem ou mal? Vale a pena o risco?

Isto traz uma questão pertinente, por que é que queremos mais? e é na resposta a essa pergunta que encontramos a resposta a se vale a pena o risco ou não. Depende de cada um! A razão pela qual queremos mais está dentro de nós e depende do que vamos fazer com esse sucesso.
Eu acho que vale a pena correr o risco.

Tenho de tomar a curto prazo algumas decisões que vão determinar a minha vida daqui para a frente. Não me escondo de tomar essas decisões, até gosto, gosto muito e não tenho medo.

De tempos a tempos eu faço um balanço do que tem sido a minha passagem neste mundo e chego a uma conclusão básica. Basta olhar para as pessoas que me rodeiam, para os meus amigos e familiares, tentar saber o que eles pensam de mim e obtenho a minha resposta. Tenho gostado das minhas conclusões.

Bem, quem chega a este ponto deve estar farto de ler uma narrativa confusa. Não é fácil escrever de improviso :P . O mais certo é verem o post e nem lerem.


Falem sobre isto, gostava de ler as vossas opiniões.


Agora as sugestões.

Musical : Lazyboy - Underwear goes inside the pants



Cinematográfica - Call Girl. É muito bom este filme.



Internet : Cycle Chicks Tem muita qualidade este blog.

Cumprimentos e não fiquem chateados por fazer copy&paste.


Abraços e Beijinhos


João

5 comentários:

Jojo disse...

Ola Joao. Demitiste te?!!

Lendo o teu post fiquei um pouco assustada com essa tua versão meio comunista/ meio fascista que tens do que te rodeia. :D
Não acho que seja decadente tornarmo nos parte integrante de um sector que tu consideras mais ou menos qualificado, pelo contrário acho que cada vez que esta parte do mundo avança damo-nos conta como essas funções não só vitais mais ainda são as unicas por onde permanecem a dignidade da condição humana.
Acho que para se ser alguem preenchido a nivel profissional não se precisa de tirar um curso. Mas tambem acho que para uma sociedade equilibrada e justa a educação é necessaria e vital. não quer dizer com isso que sejamos todos medicos, engenheiros e por ai fora. Penso é que os lixeiros, empregados de café e por ai alem tem o dever de se aperceberem de quem são e de tudo os que o rodeia. Tornando se pessoas mais completas.
Não me importaria de ser lixeira, a serio que não. Simplesmente não calhou. acho sim triste as pessoas não terem condições de progressão na carreira nem mecanismos que permitam de alguma forma fazer algo diferente. Acho por exemplo que esses empregos que falas poderiam ser executados por gente jovem em inicio de vida e que sucessivamente fosse subindo na vida. isto ainda é mais utopico, agora não creio que seja assim tão mau ser qualquer coisa que nao implique um curso especifico nem anos de estudos.
hoje em dia há tanto idiota a tirar curso superior que acho que deveriam era recrutar esses para "limparem o lixo".
Quanto à crexente alfabetização global, tenho outra ideia .
Muito mais da metade do mundo não é sequer alfabetizada. Mas isso são outras conversas...

Agora ja me esticando deixo aqui as minhas sugestões:
- internet

http://www.un.org/millenniumgoals/

( os objectivos para ESTE milenio )

- filmes

O assassinato de Jesse James pelo cobarde Robert Ford

( call girl... :D :D :D)

Beijinhos

João disse...

desiludido ana... estou desiludido.

Visão meio comunista/ meio fascista?

pelo teu comentário vejo que não leste com atenção o meu post, ou então leste na diagonal e só ficaram na tua cabeça algumas coisas. Quando dizes que ser lixeiro ou trolha é uma situação profissional considerada um exito existem 2 possibilidades... Essa pessoa antes era prostituta ou tu és comunista estalinista.

Leiam com atenção só falo do plano profissional e refiro isso várias vezes.

Jojo disse...

ok. Li o teu post com atenção, já que fui ate a unica a comenta-lo. No entanto cada vez mais penso que nao o devia ter feito porque 1. a minha opiniao é considerada como a de alguem demente ou inferior intelectualmente e 2. porque percebo agora que esta discussão é nula e o post serve apenas para declarar uma verdade absoluta e não u,m forum de discussões.

Percebo que falaste só na realização profissional, dizes varias vezes no teu post e eu acho que à terceira percebi... penso eu.
vejo com pena que o ensino considerado superior eleva na mente das pessoas uma concepção de sucessso relativo ao seu salario, ou forma de utilização cerebral. No entanto nao acho coerente que esses que se acham a nata da sociedade desdenhem de profissoes consideradas por eles inferiores. conheço pessoas realizadas a nivel PROFISSIONAL que são trolhas ou amas secas, e não acho que tenham sido prostitutas nem que eu seja comunista estalinista. Esta ultima parte considero-a um insulto pessoal porque ofendes a minha integridade moral e politica.


Acho na minha ingenuidade que não sao os medicos e os engenheiros os maiores do mundo. não me ajoelho perante estas classes e tenho as duas em casa. Não é desdem ou rancor mas é se calhar porque é com eles que percebo que nenhuma profissao pode ser tratada com este desdem que vejo escarrapachado no teu post. Nem mesmo a prostituição.

O mundo não é só Feups, Harvards e MTV. Nem todos podem ter a sorte que tens em ter a educação para escrever post destes, ou liberdade para tal. o minimo que podemos fazer é respeitar e aceitar a sorte que temos.


Desilusão é realmente a palavra acertada.

João disse...

levaste demasiado a sério o meu comentário :P
percebo que devia ter dito que não estava a atacar ninguém, nem a ter uma posição altiva com o comentário!
tu já me devias conhecer! eu não sou altivo... não olho ninguém com desdém... e o facto de te chamar comunista é porque sei que tanto eu como tu não gostamos deles :P
sinceramente o que interessa é uma pessoa fazer aquilo que gosta a nível profissional para se sentir uma pessoa com sucesso a nível profissional!
mas pelo amor de deus... alguém cresce a pensar que quer ser lixeiro? ou prostituta? até podem vir a gostar, mas custa-me aceitar que seja fruto já conhecerem outras oportunidades...
tu falas constantemente do presente... eu falo do futuro...
sobre uma utopia de toda a gente ter sucesso no campo profissional! qd passar pela cabeça de toda a gente que têm de tirar um curso e dps vão lutar por cima de todos para alcançar o sucesso...
e eu não andei na FEUP, presença de tal palavra é um insulto ao meu intelecto :P

já agora, quando eu era pequeno queria ser trolha! achava que construir coisas era fantástico, depois cresci e vi à minha volta outras e melhores opções.

conheces alguém que seja lixeiro porque gosta? que seja trolha porque era o sonho deles?

Vá, não leves os meus comentários tão a peito. Quando não perceberes alguma coisa fala comigo. Lembra-te que eu digo sempre a mesma coisa quer esteja à tua frente ou atrás de um pc.

Beijinho e não aches que me estou a armar em superior ou altivo. Ficava destroçado se tivesses essa opinião sobre mim!

Jojo disse...

Ok . Por mim não há problema. Nao acho que te achas superior nem te armes em altivo so nao entendo essa referencia ao passado.. sim ao passado, falas sempre do que sonharam quando eram pequenos.. eu quando era pequena queria ser detective pintora. Hoje em dia recordo com carinho essa altura mas sinceramente.. tu quando eras pequeno sonhavas em estar atras de um computador? não quero dizer que alguem sonhe ser em o que quer que seja so acho que há muito mais em trabalhar do que a miragem da carreira em ascensão.Enfim é uma discussão sem fim...
Quanto ao comentario a dizer que eu odeio comunistas não é bem verdade, já que nas legislativas votei neles :D :D :D :D
Agora é que não falas mesmo comigo

Quanto à mençao da FEUP foi casual sei que nao andaste lá. Tu andaste naquela fac que tem uma paragem do 903 à porta. :D
Da proxima vez que não entender falo contigo. So que acho o problema não é entender.. Mas tem ai algo de sarcasmo que não consigo avaliar bem.. inconveniencias do mundo virtual.